Juízes do Tribunal Supremo criticam visita do presidente da AMJ a Israel, apontando riscos de cumplicidade com genocídio em Gaza.
Três juízes-conselheiros do Tribunal Supremo (TS) condenaram a visita do presidente da Associação Moçambicana de Juízes (AMJ), Esmeraldo Matavele, a Israel, alertando que a deslocação pode ser interpretada como um gesto de complacência com o genocídio que atribuem ao regime israelita nos territórios palestinos.
Numa carta aberta, o juiz-conselheiro Norberto Carrilho advertiu que aceitar um convite oficial, com todas as despesas pagas por Israel, num momento de grave crise humanitária em Gaza, representa um risco para a neutralidade e integridade institucional da magistratura moçambicana.
“O silêncio ou a presença, neste contexto, podem significar cumplicidade”, frisou Carrilho, lembrando que várias organizações internacionais qualificam as ações militares israelitas como possíveis crimes de guerra.
Na mesma linha, o juiz-conselheiro Carlos Mondlane exortou Esmeraldo Matavele a não se deixar manipular por Telavive. “Num momento em que o povo palestino está brutalmente a ser dizimado, não faz sentido que o poder judicial moçambicano se posicione ao lado do agressor”, afirmou. Mondlane recordou ainda que a crise humanitária tem sido denunciada pelas Nações Unidas, exigindo solidariedade internacional.
Já o juiz jubilado João Trindade classificou o convite como uma “ação propagandística” de Israel, destinada a melhorar sua imagem internacional. Para o magistrado, a viagem poderá marcar uma das páginas “mais ignominiosas” da história do sistema judiciário moçambicano.
A visita de Esmeraldo Matavele continua a gerar forte debate, levantando questões éticas e políticas sobre o posicionamento de Moçambique face ao conflito israelo-palestiniano.
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