Após um ano de afastamento, Raúl Novinte está de volta à RENAMO, trazendo consigo a promessa de reconciliação num partido cada vez mais divi...
O político abandonou a RENAMO em abril de 2024, após ser impedido de participar no congresso partidário realizado na Zambézia, onde apoiava a candidatura de Venâncio Mondlane. Durante o período de afastamento, integrou brevemente a Coligação Aliança Democrática (CAD), que chegou a apoiar a candidatura presidencial de Mondlane antes de ser excluída da corrida eleitoral.
“Nunca deixei a RENAMO de verdade. Apenas estive fora, mas nunca me filiei noutro partido. Agora estou de volta para contribuir para a solução”, afirmou Novinte.
Apesar da intenção de reunificar a “família da perdiz”, Novinte reconhece os desafios. Muitos membros continuam exigindo a saída do atual líder Ossufo Momade como condição para regressarem à militância ativa. Segundo o político, essa exigência foi clara durante os encontros que manteve com membros da base em Nacala.
“Todos foram unânimes: querem a saída do presidente. Expliquei que essas decisões devem ser tomadas coletivamente, com todos dentro do partido”, disse.
Embora ainda não tenha transmitido diretamente essa condição a Ossufo Momade, Novinte acredita que o presidente já tem consciência da pressão interna. A recente marcação — e posterior cancelamento — de um Conselho Nacional é vista como sinal de que Momade poderá estar disposto a deixar o cargo.
“Ele sabe que há uma necessidade de renovação. Talvez esteja a preparar a sua saída para permitir que o partido se reestruture”, afirmou.
Novinte defende uma reorganização que valorize os quadros históricos e emergentes do partido, mencionando nomes como Manuel Bissopo, Elias Dhlakama, Ivone Soares e Manuel de Araújo como figuras com potencial para liderar a RENAMO rumo a uma nova fase.
Contudo, o analista político Wilson Nicaquela alerta que os problemas da RENAMO vão além da capacidade de mediação de Novinte. Segundo ele, o retorno do político é parte de um padrão comum na zona norte, onde “figuras afastam-se temporariamente dos partidos e retornam depois”.
“A RENAMO precisa mais do que reconciliação. Precisa de liderança renovada e estratégia clara para deixar de ser um partido periférico”, apontou.
O futuro da RENAMO parece agora depender tanto da capacidade de Ossufo Momade de reconhecer a insatisfação interna, quanto da habilidade de Novinte em articular um verdadeiro processo de reconciliação — e não apenas de regresso simbólico.
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