Após Gilmário Vemba e colegas serem barrados no aeroporto, internautas cobram posicionamento de Marcelo Rebelo de Sousa sobre o incidente.
O humorista angolano Gilmário Vemba foi impedido de entrar em Moçambique neste domingo, no Aeroporto Internacional de Maputo, juntamente com o comediante português Hugo Sousa e o brasileiro Murilo Couto. O trio deslocou-se ao país para apresentar o espetáculo “Tons de Comédia”, agendado para as 17h no Centro Cultural Moçambique-China, mas acabou retido pelas autoridades migratórias, que recusaram a sua entrada sem explicação oficial.
“Infelizmente, não vamos conseguir fazer o show”, declarou Gilmário numa transmissão ao vivo no Instagram, ainda no aeroporto. Segundo o humorista, o grupo aguardava desde as 14h uma autorização que nunca chegou.
O caso gerou forte repercussão, especialmente porque Gilmário já havia atuado anteriormente em Moçambique sem qualquer entrave. A situação levantou suspeitas de censura política, após o assessor de comunicação de Venâncio Mondlane, Dinis Tivane, afirmar publicamente que o impedimento foi motivado pelas opiniões políticas expressas por Gilmário.
Dias antes, o humorista havia se encontrado com Mondlane em Lisboa, tendo partilhado nas redes sociais uma mensagem destacando o termo “Anamalala”, palavra em macua associada à resistência e usada em protestos pós-eleitorais. “Anamalala” é também o nome do partido que Venâncio Mondlane tenta legalizar — Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo.
A situação ganha novos contornos políticos devido à recente visita do Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, a Moçambique, por ocasião dos 50 anos da independência nacional. Internautas portugueses e moçambicanos passaram a cobrar um posicionamento público do Chefe de Estado português, alegando incoerência entre os ideais democráticos celebrados oficialmente e os episódios de restrição à liberdade de expressão artística no país.
Até ao momento, as autoridades moçambicanas não emitiram nenhuma nota oficial sobre o caso, e não está claro se os três humoristas serão deportados ou se haverá qualquer forma de revisão da decisão.
A apresentação “Tons de Comédia” fazia parte de uma turnê internacional que inclui mais de 10 países. Em Moçambique, a sessão foi oficialmente cancelada, e o público foi informado da situação diretamente na sala de espetáculos, após mais de 30 minutos de espera.
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